Por Ana Negreiros
Diante da praça aberta, apresentam-se dois volumes distintos, primeiro o Plenário de geometria sólida, maciço, opaco, que provoca contraste com o segundo volume mais recuado, este uma grande barra horizontal que se estende quase aos extremos do terreno e abriga as funções administrativas e os gabinetes dos deputados.
O primeiro é um bloco mais compacto que possui uma base quadrada de 25m x 25m e em todas as suas fachadas configura-se uma leitura geométrica trapezoidal de altura superior a 14,81m e um pouco inferior a 12m. Sua aparência fechada é sugestionada por sua composição de aberturas, nas quais os espaços cheios prevalecem em relação aos vazios, além da característica de austeridade por conta de suas paredes em placas de concreto autoportante.
Neste bloco o edifício abre-se na fachada noroeste com um rasgo de piso a teto, um sulco no bloco de concreto, fechada por uma esquadria de alumínio e vidro, formando um vinco em “V” para a parte interior. Na esquina, a leste do volume, ocorre um pequeno rasgo mais horizontal no pavimento térreo, onde se encontra o restaurante, forma-se uma janela de canto, por adição de um elemento, cria uma pequena sacada em balanço, a qual foi pensada para ser utilizada na oratória ao público que estivesse reunido na praça aberta.
A fachada sudoeste abre-se para dar acesso às portas do Plenário, no primeiro e segundo pavimentos, e, neste último, interliga-se ao segundo volume por meio de uma passarela coberta. As fachadas dos dois blocos estão paralelos distanciados por 9 m, criando uma tensão espacial.
O segundo volume prisma mais horizontal possui uma base retangular de 46.80m x 92.70m, altura de 12.00 m na fachada nordeste e 7.70m na fachada sudoeste. É marcado pela repetição dos pilares em todo seu contorno, espaçados a 3,5m de eixo a eixo, estão criam ritmo, relevo, escala e sustentação a coberta de tijolos. A estrutura de abóbada autoportante, ênfases da composição de Acácio Gil Borsoi, foi calculada pelo engenheiro Ariel Valmaggia e realizada em tijolos armados e protendidos, vence um vão de 40 metros e a largura de cada arco corresponde ao distanciamento dos pilares.
As arcadas protegem aos espaços internos e ainda avançam em balanço 3 metros da linha final dos pilares, o espaço livre entre eles trazem a permeabilidade, causando uma sensação de pouco peso na fachada, deste modo, mesmo o segundo bloco sendo proporcionalmente 2/3 maior que o bloco mais compacto a fachada é harmoniosa e leve, tornando-se um fundo contrastante.
As formas prismáticas elementares do conjunto garantem a intensidade formal, e a composição volumétrica sugere uma dinâmica visual de fácil leitura e compreensão por se integrarem de modo coerente. A austeridade e homogeneidade das soluções é resultado de um trabalho com o ritmo nobre, estabelecido por formas simples e puras e no controle das proporções e relações.
O projeto do edifício da Assembléia Legislativa realizado por Borsoi buscando o equilíbrio da luz e da sombra construído sob a força ofuscante do sol da cidade de Teresina no Piauí juntamente com o uso de uma paleta restrita de materiais, como o concreto, a pedra e o vidro que se apresentam em alguns casos ásperos e em outros polidos, denotam o aspecto perene da construção como se o edifício estivesse ali há muito tempo, trazendo riqueza à produção arquitetônica.
Referência: Ana Negreiros, A produção Arquitetônica de Acácio Gil Borsoi em Teresina. Análise dos critérios projetuais em Edifícios Institucionais, Dissertação de Mestrado, PROPAR-UFRGS, 2012.
- Ano: 1986
-
Fotografias:Ana Rosa Soares Negreiros Feitosa